sexta-feira, 29 de junho de 2012

Inevitável


Hoje te conheci.
Hoje te amei.
Hoje te odiei.
Hoje te amei de novo...
Hoje me odiei...

Odeio-me por te amar.
Adoro te amar...
Odeio ter te conhecido.
Adorei te conhecer.
Adorei te beijar,
Adorei te tocar,
Adorei te abraçar,
Odiei... odiei... odiei...

Odiei a frustração,
Te amo a tal ponto,
Que ao admitir
Que te amo,
Me odeio tanto
Que me amo cada vez mais,
Pois sinto que a racionalidade
Aos poucos retorna,
E novamente sossegado,
Posso dormir.

30/11/2009

sábado, 16 de junho de 2012

Tudo culpa do vale-transporte!


Olá, meu nome é Xirley, e antes que me venham com piadinhas, não sou a Xirley da música de Zé Cafofinho e Suas Correntes, e nem faço café coado na calcinha, ok? Vamos adiante, estava começando a faculdade, e como todo bom estudante, era uma lisa, até para pegar um ônibus precisava de uma ajuda dos meus pais, mas neste caso do ônibus, quem me ajudava era minha irmã mesmo – Beijo minha gata! Eu te amo viu? –, ela é quem me patrocinava, doando seus vales-transportes, e quem diria que seria por conta deles que conheceria meu marido? Acasos do destino! Vamos a história? Explicado isso, fica mais fácil entender, na época, as passagens tinham aumentado de preço – pela milésima vez só naquele semestre –, então, para não perdê-los, decidi ir ao órgão competente fazer a troca, chamei minha amiga tira-colo e partimos para a sede da Transpal, entrei na sala, falei com a recepcionista e fiquei esperando minha vez, minha amiga tinha decidido esperar do lado de fora. Ainda bem que a sala tinha ar-condicionado, achei uma grande besteira dela ter ficado lá fora, devia estar fazendo uns 33º, não pude fazer nada, era escolha dela mesmo.
Passei um bom tempo no ócio, o tempo parecia que não passava, lia revistas, olhava para o teto, olhava os outros estranhos esperando que algum me chamasse atenção, mas era esforço em vão. E de repente, ele entrou, estava ainda com a cabecinha voando, percebi realmente sua entrada, porque desajeitadamente ele soltou a porta e ela bateu com bastante força, causando um grande estrondo e chamando não só a minha atenção, mas a de todos que lá se encontravam, ele fez uma carinha tão bonitinha de assustado e envergonhado, porém, quando ele abriu os olhos, quase me perdi naquele belo par de olhos claros, disfarcei, comecei a olhar de canto de olho, ele se aproximou e perguntou se era aqui que trocava os vales-transportes, afirmei positivamente com a cabeça – Eu sabia que ele sabia a resposta, mas achei que só queria puxar assunto –, ele foi sentar do outro lado da sala, estrategicamente de frente a mim – Bobinho não é? –, eu evitava olhar, tentava enganar olhando por cima da revista, estava meio nervosa, mexia no cabelo a cada 2 segundos, senti um alívio quando a recepcionista me atendeu, saí da sala, mas sabia que ele era o próximo, resolvi ficar de fuxico na porta com minha amiga, comentei se ela viu o gato que tinha passado e coisas do tipo, pouco tempo depois, ele sai, falei “Conseguiu trocar?”, ele respondeu que sim e seguiu trajetória de ir embora, nessa hora tive um aperto no coração, estava triste por saber que não o veria mais... Aí ele parou no 1º degrau e deu a volta, aproximou-se e falou “Eu não pudia ir embora sem saber o seu nome” – Menino decidido! –, respondi, ele brincou perguntando se eu conhecia a música “Xirley”, conversamos por um tempo, trocamos números de telefones, ele falou que esse era do trabalho, mencionei que o meu era de casa – É amigos, celular não era algo disseminado naquela época... –, depois, cada um seguiu seu destino, ele me prometeu ligar o mais breve possível.
O primeiro dia foi moleza, sabia que ele não me ligaria tão assim, de cara, o segundo, ainda era normal, apesar de um pouco de ansiedade, ainda achava prematuro ele ligar, no terceiro dia fiquei meio duvidosa, no quarto dia já estava apreensiva, no quinto dia comecei a ficar preocupada, no sexto já estava pensando que ele não ligaria, no sétimo já estava puta de raiva, mas muito preocupada e com grande vontade de ligar pra ele. Comentei com uma amiga que tinha se passado uma semana e ele não tinha ligado, estava decidida a ligar, afinal ele tinha me dado o telefone do seu trabalho. Quando finalmente criei coragem, liguei – Num orelhão da rua, claro! Iria ficar mais tensa se tivesse feito essa ligação em casa –, uma moça atendeu, pedi para falar com ele, pouco tempo ele atende ao telefone:
-        Rapaz, cadê a ligação? – seguida de uma risada – Como você não ligou, e tinha me dado o número do telefone do seu trabalho eu decidi ligar. Ainda lembra de mim?
-        Oi, lembro sim, mas desculpa, eu liguei sim, só que você não se encontrava em casa.
Aí a ficha caiu, devia ter sido ele a ligação que minha irmã atendeu e comentou que o rapaz tinha voz bonita, e eu jurando que tinha sido alguém da faculdade, mesmo tendo interrogado lá se alguém tinha me ligado. Continuei a conversa:
-        Vixe, devia ser você então a ligação que minha irmã atendeu e disse que não tinha deixado recado.
-        Foi eu sim, não sabia se você ainda se lembraria de mim, então não quis deixar recado, e a propósito, estava decidido te ligar hoje, só estava esperando sair pra hora do almoço.
-        Ah meu filho! Ia dar azar de novo, estou te ligando de um orelhão direto da faculdade, então, que bom que eu decidi não esperar mais. – mais sorrisos dos dois lados da linha.
-        Bem, eu sei que por telefone não é o melhor meio da gente conversar, até porque estou no trabalho e você está aí, com um medo terrível das unidades acabarem, o que acha de nos encontrarmos?
-        Por mim tudo bem, qual o melhor dia pra você, já que trabalha?
-        Prefiro o sábado a tarde, pela manhã tem aquele sagrado futebol com os amigos...
-        Vamos nos encontrar aonde?
-        O que acha da praia da Jatiúca?
-        Sou meio enrolada com os ônibus, eu só sei chegar no shopping, a gente pode se encontrar lá...
-        Você sabe que de lá até a praia é meio distante não é?
-        Mas é bom, que a gente já vai conversando.
-        Você quem sabe... Então marcado para sábado?
-        Sim.
A conversa ainda durou por mais um tempo, até que as unidades do cartão se esgotaram, causando uma crise de histeria por minha parte, mas como já tínhamos marcado o encontro, agora era só esperar. Os dias que se passaram foram muito longos, estava ansiosa para encontrá-lo, durante a semana não tinha outro assunto que falava com minhas amigas, senão esse encontro, elas percebiam a minha euforia, e temiam que eu saísse decepcionada do encontro, mas eu estava pouco me lixando, e não me incomodava com as reações delas. Finalmente o grande dia chegou, como tínhamos combinado, ele ligou para minha casa e disse que eu já podia pegar o ônibus e ir ao shopping, chegando lá, ele estava no ponto de ônibus, aparentava estar nervoso, olhava para o relógio, ainda o vi balbuciar “Que demora!”, desci do ônibus e ele mudou de expressão – Achou que eu o daria um bolo, provavelmente –, ele ainda falou “Achei que não vinha, demorou hein?”, falei que o transito só piora a cada dia. Saímos a pé e fomos conversando, ainda comentei com ele que realmente era muito longe e estava meio arrependida, devia ter marcado num lugar mais próximo, ele só riu e falou: “Eu te avisei...”, quando finalmente chegamos à praia, ficamos num quiosque, pediu um refrigerante, perguntou se queria algo, depois de descansarmos as pernas da andança, ele sugeriu irmos à praia, já saímos de mãos dadas, quem olhasse, sabia que já configurávamos um casal, só faltava o momento certo de dar o nosso primeiro beijo... Eis que ao fundo começa a tocar “A Maçã” de Raul Seixas, ele me olhou, e no exato momento que o trecho: “Se eu te amo e tu me amas/ E outro vem quando tu chamas/ Como poderei te condenar/ Infinita tua beleza”, ele me beijou, e assim iniciou minha história por conta de um simples vale-transporte, eu nunca amei tanto um aumento de passagem, como naquela época!

segunda-feira, 11 de junho de 2012

Sala de Estar


Sairíamos mais uma vez, a noite estava aconchegante, fria, mas na temperatura ideal, que bom que não chovia, poderíamos aproveitar bem, passei na tua casa, e pra variar, você não estava pronta, fiquei na sala esperando você sair, cruzava as pernas, mudava de perna, falava com sua mãe, uma besteira qualquer, do tipo: “Está frio hoje não?”, e ela mal respondia, entretida com a novela, olhei para o cunhado, mesmo ele com cara de poucos amigos, falei: “Viu o jogo de ontem da Libertadores? Santos quase que perde, apesar de ser Flamengo, sou Santos na Liberta.”, ele faz um sinal de positivo e não responde nada. Tempos depois, chega teu pai na sala, com esse nem tentei conversar, na última vez que estive aqui, ele estava bêbado, falou muita coisa, inclusive para ter cuidado, falei que a filha dele estava em boas mãos, mesmo assim, ainda me fez virar duas doses de cachaça, que quase não aguento, o pior, foi que no outro dia quando vim te buscar, ele me olhou com um cara tão feia que me assustei, tive a certeza que nem lembrava das doses que me fez beber... Vai lá saber? Sogro é sempre estranho, e o meu então? Nem se fala.
“Êta demora dessa mulher para se arrumar! Agora se ela já está pronta, e eu me demoro por mais de 2 minutos, o mundo cai, são ligações a cada 2 segundos”, eu pensava, fazer o que? Mulheres adoram nos fazer esperar, mas odeiam se ocorre o inverso, enquanto isso, eu fico aqui, na sala, com essa cara de santa puta, sem saber o que fazer, olhando para o relógio, mexendo no celular, e pior, nem posso jogar, a sogra, vez ou outra, olha para ele, acho que pra ver se vê alguma mensagem chegar dos pariceiros chamando pra beber, mas ainda bem que não chega, ela já fala demais. Sogro e cunhado continuam lá, olham, olham e não falam nada, sempre com aquela cara de poucos amigos, nem tentei mais dialogar, acomodei-me no sofá, e fiquei assistindo a novela, olhos na TV, sem entender coisa alguma com porra nenhuma, ainda tentei recorrer a alguma explicação da sogra, mas a jiboia, sequer abriu a boca, desisti de perguntar.
Quando estava ao ponto de simular uma ligação e ficar na porta de casa, você sai do quarto, fiquei pasmo, meu queixo caiu, os olhos pareciam ver uma miragem, uma ninfa, uma deusa, você estava fabulosa! Teu irmão caiu na gargalhada ao ver minha reação, ainda falou: “Mané apaixonado, parece que nunca viu minha irmã, é sempre assim, quando vem aqui”, teu pai só deu um sorriso com o comentário, mas logo fechou a cara, tua mãe nem piscava, estava mais interessada na novela do que em qualquer comentário. Você demorou, mas valeu muito a pena, nunca pensei que 15 intermináveis minutos fossem fazer tanta diferença. O restante da noite foi só alegria, assim que saímos, fomos comer uma pizza, depois namorar na pracinha, até receber a ligação do teu pai ciumento, mandando-te ir pra casa, nada demais, levo-te lá, dou-te mais alguns beijos na frente do sogro e parto pra casa feliz.

26/05/2012

segunda-feira, 4 de junho de 2012

Erro cíclico


A vida inteira passamos levando porrada...
A vida nos ensina coisas,
Que muitos amigos tentam nos aconselhar,
Mas somos bichos,
Aprendemos tudo na base da porrada e do chicote,
Apanhamos... apanhamos... e apanhamos...
Até que criamos vergonha
e pensamos em parar de errar,
Mas uma nova aula estamos prestes a receber
E novamente a castigos severos
Iremos nos submeter,
Tornamos a apanhar,
E a pensar que a lição foi aprendida,
Mas a vida é longa... tão longa...
Apanhamos tanto, que no fim da vida
Tentamos aconselhar nossos filhos e netos,
Mas assim como nossos pais tentaram,
Falhamos, vemos nossos filhos e netos sofrerem
Tudo aquilo o qual nos sujeitamos,
Erros e superações,
E por fim o ciclo reinicia,
Eles tentam conscientizar e aconselhar,
Porém, seus filhos e netos,
Assim como nós, falham
E o ciclo reinicia mais uma vez...


26/11/2009