Ela estava
linda, olhei-a de relance, sabia perfeitamente onde encontrá-la a todo
instante, disfarço o olhar, temi a reação das outras pessoas e principalmente
da moça que me acompanhava, ainda fui beliscado e interrogado com a seguinte
frase: “Perdeu algo ali?”, pensei se falava a verdade ou se mentia, mas o olhar
da outra me paralisou e meio gaguejando falei: “Não nada, apenas pensei ter
visto um amigo, mas me enganei”. Uma secura na boca repentinamente me bateu,
pedi a minha acompanhante aguardar e me dirigi ao bar, lá algo inesperado
aconteceu, enquanto pegava os drinks, uma mão leve me toca a nuca,
automaticamente meus olhos fecharam, e um beijo suave me consome alguns
segundos, caio na real e me espanto, afinal minha acompanhante poderia estar
vendo a cena, apercebi que um papel foi colocado no meu bolso com um nome,
número e uma frase curta, “Lucia, velhos tempos da 8ª série”. Um sentimento
canalha me subiu instantaneamente, percebi que os anos passaram, a distância
tinha aumentado, porém, o desejo estava intacto e mesmo sem lembrar de imediato
o nome dela, meu corpo a reconheceu no olhar, no toque, no beijo.
Impressionante como um passado tão distante significou apenas um dia, um
carinho, poucos segundos.
Retorno a mesa
com o coração na mão, cabeça confusa e rezando que ela não tenha visto nada, ao
sentar vem a pergunta: “Porque a demora? E porque tu só veio com apenas um
drink?”, de coração aliviado respondo: “Neto me roubou um e me segurou por lá”,
conformada ela se cala e a paz impera na mesa outra vez.
02/02/11