Acabo de fazer algo que possa me arrepender, pela primeira vez em
tantos anos de minha vida, conscientemente atirei os dedos contra uma ferida
entreaberta, alarguei o que se fechava, cicatrizava, consciente da dor, da aflição,
e pior, do sentimento de repetição. Meus antibióticos vinham funcionando bem,
não sentia mais nada, estava dopado e anestesiado.
Porém, maldita curiosidade que me faz checar a ferida, verificar
os pontos que o doutor tinha feito com tanto cuidado e esmero, cautelosamente a
desenhar na pele, agora eu, como se fosse uma criança inconseqüente e curiosa,
meto as mãos cheias de dedos e começo a mexer, e a cada vez mais que mexo, mais
feio vai ficando e percebo que as unhas carregam consigo um bolor negro,
provavelmente carregada de vermes e bactérias, prontos a fazer a ferida
inflamar... antibióticos dessa vez podem não ser a solução, achei que aquele
meio termo em que tentei refazer o fluxo sanguíneos e a amputação tivesse
resolvido, mas agora, como um menino buliçoso não sei não, terei que fazer uma
verdadeira amputação.
Criança... voltaste a ser criança, menino inconseqüente, que não
sabe distinguir o que pode e o que não pode, ficas ai agora a lamentar e a
chorar, caso a ferida volte a se abrir e a dor passe a ser insuportável. Mas
não te preocupas criança, há sempre uma solução.
08/11/2011
3 comentários:
Interessante, ferida de amor? ;*
Sim, inspirado numa ferida de amor.
um belo texto .. engraçado como certas pessoas tem o poder de serem tão claras e ao mesmo tempo de dar um sentido "subentendido" ao que diz claramente... um belo texto
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