sábado, 5 de maio de 2012

Conversa com a Saudade


Toc, toc, toc. Alguém bate na porta, vou lá conferir, chegando fico surpreso, é a velha amiga Saudade, começamos a conversar:
-        Oi velha amiga! Há quanto tempo!
-        Oi amigo, sabe como é, vez ou outra venho te visitar.
-        Mas então, como você está? Por que veio depois de tanto tempo?
-        Estou bem, vim aqui entregar esta foto que minha prima, Lembrança, deixou para você.
-        Ah! Esquece, pode jogá-la fora.
-        Ué, por quê?
-        Não preciso dessa foto para me lembrar do rosto da Paixão, mas olhando bem, até que ela era bonita, mas conversei muito com o Tempo, meu psicólogo, e sua assistente, a Razão. Convenceram-me a deixá-la de lado.
-        Mas como isso aconteceu? Foi tão problemático assim o envolvimento de vocês?
-     Como você é inocente Saudade... Você sabia que a Inveja vivia nos atrapalhando, criando histórias e provocando confusões.
-      Verdade, tinha esquecido daquela vadia inescrupulosa, mas você vira e volta estava com a Mentira, vai me negar agora?
-        Realmente, gostava da companhia dela, já me tirou de cada uma... Você não tem nem noção.
-        Em compensação, colou-te em cada saia justa com a Paixão desnecessariamente.
-        Não nego, Mentira às vezes abusava demais.
-        Mudando um pouco de assunto, no meio do caminho vi que a Tranquilidade vinha daqui, finalmente voltasse a fazer as pazes com ela.
-     Pois é, na época que namorava com Paixão, vivia tendo problemas com a Tranquilidade, ela falava que Paixão não me fazia pensar nas coisas direito, isso me irritava e consequentemente brigava cada vez mais com a Tranquilidade, daí ela começou a se afastar.
-        Bom, mas quem intercedeu pra que vocês voltassem a se dar bem?
-     É até constrangedor falar, mas você lembra que a Razão é prima dela? Quando comecei a fazer as sessões, ela me interrogou do porque não falar mais com a Tranquilidade, daí por diante, ela começou a agendar as sessões da Tranquilidade para um horário próximo a minha, nisso, voltar a nos falar foi inevitável.
-        Esperta ela, que bom que conseguiu esse feito. Sim e as novidades?
-       Estou namorando com a Razão... acho que vai ser uma relação duradoura, quase certeza que mesmo que acabe o namoro, iremos ser bons amigos. Nossa relação é mais de amizade que outra coisa, por isso acho que irá durar muito.
-        Nossa! Quantas surpresas você tem pra mim.
-        Você demorou muito a reaparecer na cidade, e me visitar parece que ficou em último plano.
-        Nada, ocupações me afastavam, e confesso que até tive um certo receio.
-        Por quê?
-       Da última vez, você ficou meio triste por ter tocado no nome da Paixão sem querer, ao sair daqui, vi que você colocou uma música e abriu uma cerveja, ainda deu pra escutar o som da garrafa sendo aberta.
-     Sem problemas, sua insegurança é normal, ainda era muito recente na sua última visita, e pecados assim a gente deixa passar, nem sempre dá pra acertar tudo.
-        Mas então você está bem mesmo? Não pensa mais nela?
-        Vou confessar-te, ainda penso um pouco nela, principalmente quando você ou a Lembrança vem me visitar, mas não tanto quanto antes, conversar com o Tempo tem ajudado muito. Teve uma época que ficava deprimido só de ouvir o nome dela, mas agora, acho a coisa mais normal.
-      Bem amigo, já que você está bem, vou indo embora, fiquei de dar uma passada lá na casa da Paixão também, acho que a Lembrança deu uma passada lá mais cedo, ou foi assim que ela me prometeu.
-        Mas já? Tão cedo, mal conversamos...
-     Você me conhece, e eu já te falei da minha falta de tempo, e no mais, sabe que não sou de demorar muito nas visitas. Apelidaram-me de médico por causa disso.
Ambos sorriram, ele acompanhou a Saudade até a porta, quando começou a sentir aquele aperto no coração, pegou o telefone e ligou pra sua namorada, a Razão, e ficaram conversando até altas horas da noite.


20/04/2012

Um comentário:

BKatrynne disse...

como sempre, Perfeito, parabéns, adorei...